Silos: qual é o melhor investimento para armazenar grãos na fazenda?
Silos: qual é o melhor investimento para armazenar grãos na fazenda?
Há várias opções para investimento no mercado, conheça o custo-benefício de cada tipo de silo para se decidirPor Naiara Araújo (naiara@sfarming.com.br)
O produtor que investe em armazenagem na fazenda economiza gastos com transporte, permanece com o produto disponível no local de produção e pode aguardar para vender grãos durante a entressafra, em momentos que os preços estejam mais lucrativos. Há várias opções de silos no mercado. Conheça o custo-benefício de cada modalidade.
Silo bolsa vale a pena?
O armazenamento de grãos com silo bolsa cresce a cada ano, com a vantagem de ser uma solução rápida e com um custo mais baixo. O aumento na produção de grãos é um fator que deve favorecer a demanda por esse tipo de serviço, de acordo com o diretor da Ipesa do Brasil, Demian Baum. “O perfil do produtor que procura silo bolsa é o de quem valoriza a comercialização e não vê a sua função só na lavoura”, conta Baum.
Segundo o diretor da Ipesa do Brasil, os principais clientes são médios e grandes produtores, que muitas vezes já têm silos estáticos. O objetivo ao investir em silo bolsa é diversificar ou ampliar a capacidade de armazenamento ou arrumar uma solução a curto prazo.
Baum estima que, em 2016, o mercado brasileiro adquiriu aproximadamente 60 mil silo bolsas. A Ipesa é uma empresa argentina que atua no Brasil desde 2003 e somente no ano passado viu a demanda cair, por causa da crise econômica. “Em 2017 nós acreditamos que a participação do silo bolsa vai aumentar no mercado brasileiro em mais de 50%, podendo chegar a 100 mil silo bolsas”, diz Baum.
A tradicional alvenaria
Com estrutura semelhante à dos silos de concreto e aço, o silo de alvenaria é uma outra alternativa valorizada pelo agricultor. A tecnologia é da década de 70, mas segundo Ricardo Martins, engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, começou ser colocada em prática no Rio Grande do Sul nos anos 2000. Hoje, os silos de alvenaria estão presentes em 495 municípios do estado e têm adesão de 95% dos agricultores familiares que produzem milho.
Segundo Martins, uma das principais vantagens é a praticidade, já que é possível construir o silo de alvenaria com mão de obra local e materiais acessíveis, como tijolos e argamassa polimérica. “Praticamente pode ser construído pelo produtor e sua família, independe de ter alguém para montar”, explica o engenheiro agrônomo.
Martins considera a qualidade do silo de alvenaria imbatível. “Não existe outro sistema com melhor qualidade porque o silo secador imita a natureza e faz uma secagem a longo prazo”, diz o especialista. “Se for pensar em termos de gasto energético, você gasta muito menos e é uma construção sustentável.”
Apesar da predominância no Rio Grande do Sul, a tecnologia não tem restrições. Segundo Martins, é possível construir um silo de alvenaria em qualquer região, desde que exista a presença de um técnico que entenda de secagem e saiba em quais condições o equipamento será instalado. “Os insumos mais caros desse projeto são o conhecimento em secagem, em psicrometria, que é o estudo do ar úmido, e um técnico muito preparado para orientar os produtores”, afirma o engenheiro agrônomo.
Concreto para moinhos e rações
Outra opção é o silo de concreto, que é mais utilizado por moinhos e fábricas de ração. Segundo Cairu Lampert, engenheiro agrônomo e diretor-técnico da Eplak, empresa construtora de silos, o modelo de concreto também está crescendo na armazenagem de arroz e milho. “Uma das grandes vantagens é o conforto térmico, porque o silo de concreto retém o calor e tem uma conservação melhor, diz Lampert. “Quanto melhor o grão, melhor a farinha e a ração [no caso do trigo e do milho].”
1 – Silo de chapa de aço
Capacidade: a partir de mil toneladas.
Tempo de entrega: cerca de seis meses para uma unidade média (100 mil sacas).
Custo: em média, R$ 2 milhões.
Vida útil: em média 30 anos, mas isso depende das condições climáticas.
Tempo de armazenagem: um ano sem influenciar na qualidade.
Dica: o silo demora entre 60 e 90 dias para ser produzido, então o produtor pode aproveitar esse tempo para construir a base de concreto para o silo e o secador. Os meses mais concorridos para encomendar silos são setembro, fevereiro e março.
2 – Silo bolsa
Capacidade: de 180 a 250 toneladas por bolsa.
Tempo de entrega: semanas, a depender do local.
Custo: a partir de R$ 1.500.
Vida útil: o material tem durabilidade de 10 anos. Mas, após o início da armazenagem, dura 18 meses.
Tempo de armazenagem: 18 meses.
Dica: para usar o silo bolsa o produtor vai precisar de uma ensiladora ou embutidora e também uma máquina extratora de grãos. O custo dessas máquinas não chega a R$ 100 mil. Para quem não quer comprar, existem empresas que terceirizam o serviço.
3 – Silo de alvenaria
Capacidade: a partir de 30 toneladas.
Tempo de construção: uma semana para um silo pequeno (até 600 sacas).
Custo: a partir de R$ 27 mil.
Vida útil: como a alvenaria é muito resistente, um silo com uma manutenção bem feita certamente dura mais de duas décadas.
Tempo de armazenagem: até um ano sem perder a qualidade.
Dica: quanto menor o silo, maior é a qualidade do grão, por isso, se o produtor vai colher 10 mil sacas de milho ou soja, o ideal é construir quatro silos com capacidade para 2.500 sacas cada em vez de um com capacidade para o volume total. No caso do arroz é possível armazenar até 5 mil sacas no mesmo silo.
4 – Silo de concreto
Capacidade: a partir de 1.800 toneladas.
Tempo de construção: cerca de 20 dias.
Custo: a partir de R$ 360 mil, segundo a Ceraçá.
Vida útil: 50 anos ou mais.
Tempo de armazenagem: até quatro safras.
Dica: o silo de concreto é usado por indústrias ou produtores que querem armazenar por um longo período. Nessa estrutura, os grãos podem ficar armazenados por até quatro safras sem perder a qualidade. Isso acontece porque esse tipo de silo é hermético, ou seja, as paredes de concreto retêm o calor.
Revista:Farming Brasil.